segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Felicidade possível

Muito se fala de felicidade. É prometida como o desfrute final de todas as religiões para àqueles que nelas crêem e garantida por toda a propaganda nas emissoras de rádio, canais de televisões, vendedores e autdoors em todas as línguas por todo o mundo. Tanto mais se fala dela quanto mais distante nos parece. Sentimento, sensação ou experiência que permeia todos os sonhos humanos, é ao mesmo tempo tangível e inacessível. Refutamos as experiências que nos afastam dela e procuramos, quase obsessivamente, reprisar aquelas que nos proporcionaram alguns instantes desta impressão inesquecível, transcendental e, no entanto, excessivamente volátil.
Afinal o que é a felicidade? Iniciemos pelo que nos diz o Dicionário Houaiss: qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar. Gosto dela. Aproxima-se bastante daquilo que desfrutamos. Porém, como existem muitos significados para o termo, ouso colocar aqui a minha colher e sugerir que definamos felicidade como o estado neurofisiológico desencadeado pelo psiquismo quando identificamos que nada nos falta, que estamos momentaneamente completos.
Uma curiosidade: muitas das vezes em que somos possuídos por esta felicidade, é tal a sensação de satisfação, de preenchimento em si mesmo, de auto-suficiência que a possibilidade de morrermos naqueles instantes não nos assusta. Fica a impressão de que o medo do fim da vida é proporcional ao quanto conseguimos transformar nossos sonhos mais profundos em realidade, na maneira como deixamos nossa marca no mundo e nas pessoas que amamos.
No entanto, me parece que a felicidade está mais presente em nossas vidas do que alcançamos apreender. Suspeito que o principal motivo é o modelo estereotipado hollywoodiano que absorvemos desde crianças. Quando nossas experiências cotidianas de felicidade nos surgem, não se assemelham ao padrão introjetado na memória inconsciente e aí ficamos impossibilitados de identificá-las.
De qualquer maneira, os momentos de felicidade são definitivamente finitos. Ou seja, não duram para sempre. São permeados por outras situações que incluem diferentes coeficientes de insensibilidade, sofrimento, alegria, euforia e outras tantas sensações com que convivemos desde o nascimento até a última respiração.
Portanto, poderíamos dizer que uma pessoa é tanto mais feliz quanto a sua habilidade em realizar escolhas inteligentes que lhe desencadeiem uma quantidade diária maior destes estados neurofisiológicos de plenitude.
E quais seriam estas escolhas superlativas?
Vamos ver isso na próxima semana! Até lá!
(Texto do professor Joris Marengo)

Um comentário:

Mirella disse...

Achei muito bom o teu texto e concordo contigo.Poderiamos ser bem mais felizes se buscássemos a felicidade nas coisas que nos satisfazem realmente , do que ficar buscando a felicidade dos outros.