segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O Retorno da cultura da mulher (continuação)

Novos Valores: Uma Questão de Sobrevivência
Considerando que o cuidado com o meio ambiente é uma questão altamente preocupante na era atual, Capra sugere que, para que o novo paradigma ecológico emergente seja implantado, será necessário não apenas uma mudança nas nossas percepções e maneira de pensar, mas também de nossos valores. Ele defende a necessidade de uma mudança de valores auto-afirmativos para valores integrativos. Esta mudança de paradigma pode ser mais bem compreendida na tabela abaixo.
Valores :
Auto-afirmativo
Integrativo
expansão conservação
competição cooperação
quantidade qualidade
dominação parceria

É interessante perceber que a competição e a dominação, valores auto-afirmativos claramente masculinos, quando excedem um certo limite, transformam-se em guerras, dor e servidão, efeitos que são justamente contrários à proposta tântrica que valoriza a integração, o prazer e a liberdade.
Curiosamente, autores e autoridades de outras áreas como megaempresários, gurus do marketing e propaganda também estão percebendo e anunciando a mesma necessidade de mudança de paradigma para a sobrevivência das empresas e negócios no III milênio. Peter Drucker, considerado um dos maiores intelectuais do século XX, considera que uma das mais importantes mudanças no mundo dos negócios é a transição da glorificação do esforço individual para a valorização da parceria e da colaboração. Drucker defende a idéia que as empresas vencedoras não serão aquelas com um maior número de cérebros brilhantes, e sim as que conseguirem fazer estes mesmos cérebros trabalharem em conjunto.
Este insight[1] que está surgindo em cabeças de áreas profissionais bastante diversas, tem nos feito pensar sobre uma real e urgente necessidade de mudança para um paradigma mais integrativo visando à sobrevivência tanto das nossas empresas quanto da nossa própria espécie neste novo milênio.
Acho que isso explica em parte o grande sucesso que o Yôga mais antigo está alcançando atualmente, principalmente entre os jovens profissionais. Motivados pela real necessidade de adaptação a esta nova exigência no mundo dos negócios, eles encontram no Yôga antigo uma cultura comportamental integrativa que desenvolve com naturalidade uma sensibilidade mais apurada, facilitando assim as relações interpessoais.

Uma Proposta de Integração
Para nós, os homens, só resta aceitar os fatos, pois parece que o mundo realmente não sobreviverá sem que ocorra um retorno da cultura da mulher. Portanto, aqui vai uma proposta de integração.
Particularmente não acredito que a saída seja uma "guerra dos sexos" com os homens tentando dominar as mulheres pela força bruta, e as mulheres contra-atacando com golpes emocionais. Seria muito mais saudável se alcançássemos um equilíbrio dinâmico entre o comportamento auto-afirmativo (patriarcal) e integrativo (matriarcal). Para o homem, por exemplo, faria muito bem absorver um comportamento mais sensível e um pensamento mais intuitivo. Para a mulher, um pouco mais de auto-afirmação também cairia muito bem, principalmente neste momento da nossa história cultural, no qual a mulher precisa afirmar novamente seus valores que há tanto tempo foram esquecidos e oprimidos.
Se conseguirmos alcançar este equilíbrio dinâmico, talvez um dia veremos as rodinhas de homens e mulheres finalmente se integrando nesta grandiosa "reunião dançante[2]” a qual chamamos de vida.

(texto do Prof. Mallet)

[1] Insight é uma expressão inglesa que designa perspicácia e conhecimento. Também se refere à súbita vinda à consciência de uma idéia nova, um salto conceitual ou uma interpretação inovadora. João Bernardes da Rocha Filho, Física e Psicologia, Porto Alegre, 2002, pág. 19.
[2] Curiosamente, a palavra Yôga, em sânscrito, significa União no sentido de integração. E o criador do Yôga foi Shiva, um dançarino.

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